Amritsar: a joia oculta da Índia
Da esquerda para a direita. Rosangela (Orinter) - Renato (CT Operadora) - Renata (Matuete) - Douglas (Terramundi) - Neeraj (SITA) - Priscilla (Kangaroo Tours) - Fernando (TGK Travel) - Thais (Kangaroo Tours) - Caroline (DUO) e Mariana (Mandala). FAM Trip SITA e DUO - Junho de 2023
A Índia é incrível justamente porque ela nunca se mostra inteira.
Sendo um país de dimensões continentais, uma mistura imensurável de povos, culturas e religiões, um caldeirão de informações, é impossível entendê-la em sua profundidade, em poucos dias, visitando lugares aqui ou acolá.
Na verdade, após ir pela quinta vez a esse grandioso país, temo que, talvez, nunca serei capaz de conhecer em plenitude sua complexidade.
Afinal, sempre haverá nuances ocultas por trás do véu do seu sári multicolorido, cujo a transparência mostra somente o que ela deseja ocidentalizar.
Durante o FAM Trip organizado pelo parceiro da DUO, a SITA, conheci a incrível Amritsar e seu famoso templo dourado. Sem dúvida, é uma joia preciosa que o viajante deve conhecer, na Índia!
Antes, um pouco de história...
Em 1947, o Estado do Paquistão foi criado a revelia de Gandhi, o pai da nação. Naquele momento, guerras civis entre a maioria hindu e a crescente minoria mulçumana, pipocavam e só eram apaziguadas quando este líder fazia greves de fome.
Neeraj, VP da SITA
Gandhi era um pacifista respeitado por todos os indianos, independentemente da religião de cada um. Queria a paz e defendia que a religião ficasse fora da política.
Embora de uma casta elevada hindu, Gandhi era radicalmente contra esse sistema opressor que determinava o destino de um individuo pelo seu nascimento, supostamente vindo de uma parte do corpo do maior do Deus do hinduísmo: o Brahma.
Para Gandhi, não havia maior injustiça do que essa imobilidade social que dá o tom da sociedade indiana e acalma os ânimos devido à crença na ascensão para uma vida melhor, numa próxima encarnação, graças ao bom karma, boas ações desta vida.
Neste cenário violento, na imediata pós-independência, uma parte da Índia foi partida para a criação do Paquistão (ao noroeste); e Bangladesh (nordeste). Para esses 2 territórios, um tanto hostis, secos e parcos em recursos, os mulçumanos foram praticamente obrigados a fugir diante do cenário de violência generalizada. No processo, famílias foram destruídas e, do dia para a noite, deu-se o maior êxodo até hoje registrado na história: cerca de 18 milhões de pessoas embalaram seus pertences e partiram, da noite para o dia, sem saber muito bem para onde as linhas traçadas por homens dentro de gabinetes as levariam.
Apenas 3 anos depois, a violência retrocedeu. O saldo: cerca de 5 milhões de corpos foram atirados em valas comuns ou queimados. Gandhi, ironicamente, foi assassinado por um radical hindu em 1948. Então, a Índia acabou sendo partida em três territórios distintos.
PUNJAB: aos pés do Paquistão
O estado de Punjab faz fronteira com o Paquistão. Junto a 9 operadores de viagens, vi uma cerimônia: a troca de guarda entre soldados paquistaneses e indianos.
A troca foi feita debaixo de um sol escaldante de 40ºC, no castigador verão indiano. A sensação térmica era ainda mais elevada, devido a quantidade de pessoas embaladas pelo som de Bollywood. Estrangeiros passam na frente, em uma espécie de entrada VIP. Compramos algumas bandeirinhas com os vendedores ambulantes, bonés e pintaram nossos rostos com as cores da bandeira indiana, por poucas rupias. Entramos na arena que mais parecia um imenso estádio de futebol, onde esperavam cerca de 25 mil indianos alucinados, tomados por um clima de estádio de cricket, mais popular por ali.
Priscilla dança ao embalo de Bollywood na pista minutos antes da troca de guarda começar
Essa experiência insana, acontece todos os dias no cair do sol. Havia poucos turistas, logo, quando entramos na arena, grande parte do "estádio" nos ovacionou como se fossemos alguma celebridade.
Na pista, um soldado entoava gritos de guerra glorificando a Índia. Então, muitos descem para o "palco" (pista onde desfilam os soldados até o portão) para dançar. Esse soldado, animador de torcida, se mexe sem qualquer timidez. Faz também menção de jogar flechas, bombas ou lanças imaginárias para o lado paquistanês, bradando gritos no microfone, dando o tom da festa.
Toda a cerimônia dura cerca de 1 hora. Quando os soldados começam o baile sincronizado com os paquistaneses, nota-se a tensão no ar de mais de 75 anos de rivalidade. O lado paquistanês, timidamente, segura algumas bandeirinhas, resignados ao não poder competir com o furor indiano desse, que hoje, é o país mais populoso do mundo.
Sem dúvida, um fim de tarde para nunca esquecer!
O Templo Dourado
Foto por Neeraj. O Templo Dourado. Junho de 2023
O siquismo é uma religião dharmica, ou étnica para alguns, originária do estado de Punjab, no sub-Himalaia indiano. Dizem que o Guru Nanak (1469–1539) a criou para combinar o melhor do hinduísmo e do islamismo, condensando seus pensamentos, de base filosófica, em um livro: o Guru Granth Sahib. Após 9 gurus humanos tidos como "Papas" dessa religião, tomou o posto de guru máximo, já que neste livro estão as escrituras sagradas.
No Templo Dourado, em Amristar, peregrinam, não só siquis, mas também, hindus, janistas, cristãos, já que o templo reluzente é tido como um lugar sagrado. Enquanto o livro está no templo, entoam-se versículos, nos telões na parte externa. Em inglês, pode-se entender o que está lá sendo dito no idioma de Punjab. Quando o sol de põe, o livro sai carregado em um tipo de "carro-trono" e vai descansar em uma casa diante do templo. Este local fecha as suas portas para os fiéis, nesse momento. Alguns passaram o dia inteiro na fila e se desesperam ao não conseguir ingressar no tão cobiçado templo, mas se resignam por estarem próximos do livro.
Milhares de pessoas (cerca de 150 mil) lutam, diariamente, para entrar no templo. A fila é obviamente imensa, tal como a Índia. Logo, os turistas não se aventuram em enfrentá-la. Somente ir até o templo e ficar nos seus arredores, e observar as pessoas jogando-se no lago artificial em busca de purificação e sentir um tanto daquela fé pura e desmedida, já é algo genuinamente tocante.
Muitos peregrinam de diferentes partes da Índia e dormem naquele chão limpo, na medida do possível. Comida gratuita é servida, alimentando os corpos cansados, fruto de doações e trabalho voluntário. Qualquer pessoa que quiser, sem perguntas ou cobrança, pode alimentar-se ali. Uma comida simples, porém saborosa, quase sem pimenta, e, logicamente, vegetariana, para tornar tudo mais simples e universal: já que muitos siquis e hindus não comem carne.
Sandeep (o guia), Thais (Kangaroo Tours) Caroline (DUO) Douglas (Terramundi) Renata (Matuete) Mariana (Mandala) e Rosangela (Orinter)
Quando entramos, com o nosso guia Sandeep, fomos levados para uma sala. Eles queriam nos dar um ambiente mais privado e "vip" na medida do possível. Ao chegar lá, logo vieram outros indianos, e foi nos servida a mesma comida. Ali, sentados no chão, comemos com as mãos esse alimento e alguns siquis também tiraram fotos nossas e fizeram vídeos, pois não é comum ver estrangeiros naquele local.
Ao entrar na região do templo, todos devem estar descalços, lavar as mãos, passar os pés em um espelho de água e tapar os seus cabelos (tanto homens como as mulheres).
Guardiões voluntários, com espadas, vigiam se essas regras estão sendo cumpridas.
O Templo Dourado tocou a todos de diferentes maneiras. Aqui, tal como Varanasi, de um jeito mais inocente, a espiritualidade transborda de uma forma que só a mãe Índia é capaz de abarcar. Aqui, vê-se mais uma faceta dessa imensa e incrível Índia sem qualquer maquiagem, pronta para te encarar, com sua face mais bela.
Onde se hospedar:
Hyatt Regency Amristar: 4* plus, ao lado de um shopping. Excelente opção custo-benefício para lazer ou negócios. Ótimo restaurante e bom café da manhã. Destaco o atendimento de toda a equipe.
Taj Swarna: 5*, recém-inaugurado pela cadeia Taj. Boa para lazer e negócios.
The Earth Amristar: 5* hotel boutique em soft opening - está construindo um spa, inclusive. Era um hospital, mas foi completamente restaurado. Os quartos tem pé direito alto e um ar minimalista, contemporâneo, mas não se esquecendo do estilo do passado. O hotel se preocupa com a sustentabilidade e está bem perto do Templo Dourado.
Com quem ir? Com a SITA. DMC que celebra, em 2023, 60 anos de história! Tem 23 escritórios próprios, inclusive em Amristar.
Cote com alguns dos operadores/agentes que estiveram com a gente nessa jornada:
TGK Travel
CT Operadora
Kangaroo Tours
Mandala
Orinter
Matueté
Mais informações: info@duonetwork.com.br
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